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Cesar MC viraliza com o clipe "Canção Infantil" e alcança 4 milhões de visualizações

Com a visibilidade conquistada após vencer o Duelo Nacional de MCs em 2017, em Belo Horizonte/MG, Cesar MC saiu do Morro do Quadro, em Vitória, e começou a trabalhar com a produtora carioca PineappleStormTV. 

E agora lança o videoclipe Canção Infantil, em que mostra a realidade de sua comunidade numa letra que mescla críticas sociais e contos infantis. O trabalho, que tem participação de Cristal, viralizou na internet e em poucos dias ultrapassou a marca de 4 milhões de visualizações no YouTube.


Cesar MC gravou o clipe no Morro do Quadro, onde passou a infância e que é marcado pela criminalidade. (FOTO: Divulgação)
O clipe tem direção de Guilherme Brehm e do próprio MC, teve participação especial do Coral Serenata, e foi gravado no Palácio da Cultura Sônia Cabral e também na EMEF Mauro Braga, onde Cesar estudou no ensino fundamental.

Segundo Cesar, ao gravar em sua comunidade, dá visibilidade ao local e mostra a importância das pessoas que lá vivem. "Essa comunidade é a minha casa, independentemente de qualquer coisa. Não tinha como dar voz ao lugar de onde vim sem os incluir no meu trabalho. As pessoas do clipe são da minha comunidade, o Morro do Quadro. Não são atores. Todas aquelas crianças, de alguma forma, podem ser influenciadas pelo que produzo, então quero muito mostrar que sou exatamente igual a elas", disse em entrevista ao Metro Jornal.

          
Outra questão importante no trabalho é a participação do violinista Gustavo Rodrigues, que é amigo do rapper capixaba e deu toque especial à melodia, mesmo com um instrumento incomum na cena do rap.

Cesar afirma que a música tem um papel social de grande importância na sociedade e que tem o poder de dar voz a quem vive em comunidades, não só de Vitória, mas de qualquer lugar. O clipe passa a mensagem da triste violência que tem tirado a vida de muitas pessoas inocentes diariamente nas comunidades, mostrando uma realidade que tem poucos olhares do poder público.

Letra de Canção Infantil (Cesar MC part. Cristal)
Era uma casa não muito engraçada
Por falta de afeto, não tinha nada
Até tinha teto, piscina, arquiteto
Só não deu pra comprar aquilo que faltava
Bem estruturada, às vezes lotada
Mas memo lotada, uma solidão
Dizia o poeta, o que é feito de ego
Na rua dos tolos gera frustração

Yeah, yeah, yeah
Hmm, hmm, hmm
Yeah, yeah, yeah, yeah
Hmm, hmm, hmm

Yeah, havia outra casa, canto da quebrada
Sem rua asfaltada, fora do padrão
Eternit furada, pequena, apertada
Mas se for colar tem água pro feijão
Se o Mengão jogar, pode até parcelar
Vai ter carne, cerveja, refri e carvão
As moeda contada, a luz sempre cortada
Mas fé não faltava, tinham gratidão

Yeah, yeah, yeah
Mas era tão perto do céu
Yeah, yeah, yeah
Mas era tão perto do céu

Como era doce o sonho ali 
(Como era doce o sonho ali)
Mesmo não tendo a melhor condição 
(Mesmo não tendo a melhor condição)
Todos podiam dormir ali 
(Todos podiam dormir ali)
Mesmo só tendo um velho colchão 
(Mesmo só tendo um velho colchão)

Mas era feita com muito amor
Mas era feita com muito amor

A vida é uma canção infantil
É sério
Pensa, viu?
Belas e feras, castelos e celas
Princesas, Pinóquios, mocinhos e

É, eu não sei se isso é bom ou mal
Alguém me explica o que nesse mundo é real
O tiroteio na escola, a camisa no varal
O vilão que tá na história ou aquele do jornal
Diz por que descobertas são letais?
Os monstros se tornaram literais
Eu brincava de polícia e ladrão um tempo atrás
Hoje ninguém mais brinca
Ficou realista demais

As balas ficaram reais, perfurando a Eternit
Brincar nós ainda quer, mas o sangue melou o pique
O final do conto é triste quando o mal não vai embora
O bicho papão existe, não ouse brincar lá fora, pois 
Cinco meninos foram passear
Sem droga, flagrante, desgraça nenhuma
A polícia engatilhou: Pá, pá, pá, pá
Mas nenhum, nenhum deles voltaram de lá
Foram mais de cem disparos nesse conto sem moral
Já nem sei se era mito essa história de lobo mau

Diretamente do fundo do caos procuro meu cais no mundo de cães
Humanos são maus, no fundo, a maldade resulta da escolha que temos nas mãos
Uma canção infantil, à vera
Mas lamento, velho, aqui a bela não fica com a fera
Também pudera, é cada um no seu espaço
Sapatos de cristal pisam em pés descalços

A Rapunzel é linda sim, com os dreads no terraço
Mas se a lebre vim de Juliet, até a tartaruga aperta o passo
Porque é sim tão difícil de explicar

E na ciranda, cirandinha, a sirene vem me enquadrar
Me mandando dar meia volta sem ao menos me explicar
De Costa Barros a Guadalupe, um milhão de enredos
Como explicar para uma criança que a segurança dá medo?
Como explicar que oitenta tiros foi engano?
Oitenta tiros, oitenta tiros, ah

Carrossel de horrores, tudo te faz refém
Motivos pra chorar, até a bailarina tem
O início já é o fim da trilha
Até a Alice percebeu que não era uma maravilha

Tem algo errado com o mundo
Não tire os olhos da ampulheta
O ser humano, em resumo, é o câncer do planeta
A sociedade é doentia e julga a cor, a careta
Deus escreve planos de paz, mas também nos dá a caneta
E nós, nós escrevemos a vida, iPhones, a fome, a seca
Os homi, os drone, a inveja e a mágoa
O dinheiro, a disputa, o sangue, o gatilho
Sucrilhos, mansões, condomínios e guetos

Tá tudo do avesso, falhamos no berço
Nosso final feliz tem a ver com o começo
Somente o começo, somente o começo
Pro plantio ser livre, a colheita é o preço
A vida é uma canção infantil, veja você mesmo
Somos Pinóquios plantando mentiras e botando a culpa no Gepeto
Precisamos voltar pra casa

Onde era feita com muito amor
Onde era feita com muito amor

(Mesmo só tendo um velho colchão)
Mas era feita com muito amor
Mas era feita com muito amor

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