O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) promoveu o III Encontro Estadual de Salvaguarda da Roda de Capoeira e Ofício de Mestres, no Hotel Caiçara, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, entre sexta-feira (31) e domingo (2).
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Evento aconteceu em Cachoeiro de Itapemirim. (FOTO: Divulgação/Iphan-ES) |
O Estado ainda não possui uma política formal de proteção para a capoeira, reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil desde 2008.
O encontro consolidou discussões sobre temas cruciais como a profissionalização dos mestres, o papel da mulher na capoeira, o combate ao racismo religioso e a captação de recursos.
Segundo o superintendente do Iphan no Espírito Santo, Joubert Filho, a capoeira é uma manifestação que tem uma tradição e está presente em todas as unidades da federação.
"O Plano de Salvaguarda é fundamental para manter as tradições dessa manifestação no Espírito Santo, mas também apontando o olhar para o futuro e os desafios contemporâneos, como o combate ao racismo, o preconceito contra a religiosidade de matriz africana e a manifestação do machismo", afirma.
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Mestres e mestras de capoeira, pesquisadores e gestores públicos participaram do evento. (FOTO: Divulgação/Iphan-ES) |
Também, o Mestre Fábio Luiz, professor de educação física da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que compartilhou sua trajetória com a capoeira desde os anos 1980; e a Mestra Patrícia Aparecida da Conceição Ladislau, conhecida como Mestra Ligeira, única mestra presente no evento.
Ela abordou os desafios enfrentados pelas mulheres na capoeira, incluindo o preconceito na execução de instrumentos como o berimbau.
A programação também contou com uma homenagem especial à Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense.
A entidade recebeu um certificado das mãos do historiador do Iphan, Filipe Oliveira, em reconhecimento à conquista do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade de 2024, com a ação patrimonial intitulada "Trilhas do Quilombo Monte Alegre".
O presidente da associação, Mestre Bruno Fajardo Lima, foi o responsável por receber a homenagem.
No encontro, também foi alinhado o planejamento de ações para 2025. As atividades incluem a editoração, diagramação e impressão do Plano de Salvaguarda, além de um ciclo de oficinas regionais, com o tema "Capoeira, Memória e Ancestralidade", e um curso de elaboração e gestão de projetos culturais.
Segundo o historiador do Iphan, Filipe Oliveira, o Plano de Salvaguarda que está sendo formulado poderá nortear as políticas públicas para a capoeira capixaba.
"Trata-se de um instrumento de gestão compartilhada que encampa diferentes demandas sociais, tais como a criação de fóruns permanentes para o combate ao racismo religioso e quaisquer formas de discriminação social, a organização de cursos de elaboração e gestão de projetos culturais e outras atividades formativas, o incentivo a pesquisas de identificação, documentação e mapeamento da capoeira, à produção de materiais impressos e digitais relativos ao bem cultural, entre outras", concluiu.
As atividades do III Encontro deram continuidade ao trabalho iniciado em 2019, em São Mateus, e consolidado no II Encontro, em Vitória, no ano de 2023. A cada edição, os avanços são notáveis, incluindo a formação de grupos de trabalho temáticos e a mobilização de mestres e instituições parceiras.
Durante os três dias de evento, os participantes trocaram experiências e reforçaram a importância de preservar as tradições da capoeira, ao mesmo tempo em que se adaptam aos desafios contemporâneos.
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