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Chocolates Garoto: 92 anos de história no Espírito Santo

Uma das dez maiores fábricas de chocolates do mundo completa 92 anos de história nesta segunda-feira (16). A data marca o início da Chocolates Garoto, fundada em 16 de agosto de 1929 pelo imigrante alemão Henrique Meyerfreund (1901-1973), em Vila Velha.

Iniciada com o nome de Fábrica de Balas H. Meyerfreund & Cia., na Prainha, a sede atualmente localizada no bairro Glória, também na cidade canela-verde, é um dos pontos turísticos mais visitados do Espírito Santo.

Fachada da fábrica da Garoto, em 16 de agosto de 2021. (FOTO: Gustavo Andrade/OMMC)
Em 2021 também se completa 100 anos da chegada de Henrique Meyerfreund ao Espírito Santo. Imigrou da Alemanha para o Brasil em 1921, após o fim da Primeira Guerra Mundial, em busca de uma vida melhor.

E nesse clima festivo, a Nestlé, detentora da marca Garoto, anunciou na última sexta-feira (13), a troca de comando à frente da divisão de chocolates no Brasil. O chileno Patricio Torres assume o cargo de vice-presidente de Chocolates da companhia em substituição ao suíço Liberato Milo, que ficou no posto por oito anos.

Em uma entrevista coletiva realizada na sede da Garoto, Liberato Milo destacou algumas mudanças importantes no processo de fabricação, inclusive voltadas para o meio ambiente. As medidas devem ser mantidas pela nova gestão. 

Ele lembrou que a empresa investiu mais de R$ 1 bilhão em melhorias e novos produtos, sendo R$ 200 milhões na estrutura fabril da Garoto. A planta capixaba recebeu um prédio adicional para abrigar duas novas linhas de produção.

Além disso, a unidade de Vila Velha foi modernizada com conceito de indústria 4.0, para torná-la ainda mais digital e conectada.

Patricio Torres e Liberato Milo, executivos da Garoto/Nestlé. (FOTO: Divulgação)
Orgulho
Milo, que passa a responder como Global Category Lead Chocolate na sede da Nestlé, na Suíça, falou do orgulho de ter ficado a frente da Garoto. "A Garoto é uma empresa que nasceu em terra capixaba e tenho muita satisfação de ter ficado à frente dessa organização 100% brasileira", afirmou.

Patricio Torres, que assume o comando da divisão de chocolates da Nestlé e Garoto a partir de agora, afirmou ser uma grande responsabilidade estar à frente da companhia. Ele está na organização desde 1995. "Foi muito emocionante estar na fábrica capixaba e conhecer onde são produzidos os produtos que o mundo todo consome. A empresa tem mais de 90 anos e eu estou em uma nova etapa da minha carreira, motivado por saber que vou representar muita gente e trabalhar para que a marca continue crescendo", destacou.

História
As primeiras balas fabricadas na Prainha eram vendidas por meninos, em tabuleiros, nos pontos de bonde da cidade. Os confeitos fizeram sucesso, e os consumidores passaram a procurar pelas balas dos “garotos”, o que levou a empresa a ser chamada de Garoto. Em 1934, foi lançado um dos produtos de maior sucesso da marca: as pastilhas de hortelã.

Dois anos depois, conseguiu financiamento para montar uma fábrica mais moderna no bairro da Glória, local onde até hoje está o parque industrial da Garoto. 

Em 1962, a Meyerfreund transformou-se em uma sociedade anônima de capital fechado e passou a ser Chocolates Garoto S.A. Ainda na década de 1960, os filhos de Henrique Meyerfreund – Helmut e Ferdinand – passaram a dividir responsabilidades com o pai. 

Em 1973, com o falecimento de Henrique, Helmut Meyerfreund passou a ocupar a presidência da empresa capixaba.

Chocolates e balas Garoto. (FOTO: Reprodução/Propagandas Históricas)
Durante os anos de 1970 e 1980, a Garoto ampliou e modernizou suas instalações industriais e seus processos produtivos, adotou novas políticas comerciais e marcou presença em todo o mercado nacional. 

Essas iniciativas deram sustentação a um crescimento ainda mais acentuado da Garoto, na passagem para os anos de 1990. Investindo continuamente em tecnologia, nesse período foram lançados novos produtos e consolidada a estrutura comercial.

Em meio às sucessivas crises internas entre os sócios, a empresa anunciou a venda para a multinacional suíça Nestlé S.A. no início de 2002.

A loja da Garoto, que fica junto ao prédio principal da fábrica. (FOTO: Gustavo Andrade/OMMC)
O processo de aquisição perdura a cerca de quinze anos, até o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) em 2016 elaborar algumas orientações para aceitar o negócio, por acreditar-se tratar de intensa de concentração de mercado e por isso colocar em risco a livre concorrência. Com a compra, a Nestlé detém atualmente cerca de 60% do montante dos chocolates do país.

A marca conta hoje com um portfólio de aproximadamente 80 produtos. Dentre os produtos que fabrica estão caixas de bombons, tabletes, ovos de páscoa, e chocolate para uso culinário como coberturas e pó solúvel, que podem ser encontrados em mais de 50 países. 

Seus maiores sucessos são a Caixa Amarela e os Tabletes Familiares com a marca Garoto; os chocolates Baton e Talento e o bombom Serenata de Amor. Também oferece versões em sorvetes e picolés de algumas das suas principais marcas.

Planos de Helmut em 1991
Em um entrevista para uma revista empresarial em outubro de 1991, Helmut Meyerfreund falou sobre as mudanças e modernizações que haviam ocorrido a partir dos anos 70.

Na época, em dez anos, o patrimônio líquido havia crescido de US$ 10,3 milhões para US$ 73,7 milhões e a empresa passado de um empreendimento "escondido" no município de Vila Velha, para uma das principais empresas do setor. 

A partir de 1977, havia conquistado o mercado nacional e exportava atualmente para 41 países, especialmente Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Hungria e Portugal. A produção era, em 1991, de 6 mil toneladas por mês.

Contêiner com produtos da Garoto vendidos para os Estados Unidos. (FOTO: Divulgação/Memória Capixaba) 
"Fundada pelo meu pai em 16 de agosto de 1929, a Garoto começou a fabricar chocolates em 1937. A alta administração da empresa sempre foi familiar, e ela nunca teve um plano estratégico formal, nem uma definição de negócios futuros. Até hoje, não temos um orçamento de marketing e menos ainda um orçamento de médio e longo prazos. Os planos existentes são de curtíssimo prazo e isolados por diretoria ou por gerências, fincados no trinômio trabalho/qualidade/crescimento, que nos é permitido pela conjugação de visão de oportunidades com a saúde financeira. Para a consecução do que esse trinômio traduz é que houve uma visão de futuro. Era preciso prover a empresa de profissionais especializados em diversas áreas, de diretores a gerentes, e essa foi uma modificação muito grande num espaço de tempo bastante curto. De 1977 a 1981, nós construímos quatro diretorias e dezesseis gerências, que pularam depois para vinte, sem contar com as gerências regionais de vendas, que hoje são treze. O sistema de vendas e distribuição também começou a ser alterado radicalmente a partir de 1977. Eliminamos os representantes autônomos e criamos nossos próprios escritórios, além de instituir distribuidores exclusivos. Nosso objetivo, hoje, é dobrar a produção em dez anos", contou Helmut, em 1991.

Helmut Meyerfreund foi presidente da Chocolates Garoto. (FOTO: Divulgação)
Helmut Meyerfreund faleceu em 20 de julho de 2018, aos 82 anos. O empresário sofria de Alzheimer e morreu em São Paulo.

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