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Camiseta 'SUS est 1988', criada em Vila Velha, é hit em filas de vacinação pelo Brasil

Na hora da vacinação contra a Covid-19, muitos aproveitam para fazer o seu manifesto com discursos, cartazes ou mesmo com camisetas. 

E uma das t-shirts que mais têm aparecido nas fotos de espetadelas no Brasil é a que traz escrito "SUS" (Sistema Único de Saúde), sua data de criação pela Constituição Federal, em 1988, e a imagem de quatro barras paralelas, dispostas de forma desalinhada.

Uma das cores disponíveis da camiseta. (FOTO: Divulgação/Läjä Records)
Nomes a exemplo dos cantores e músicos capixabas Silva, Júnior Araújo, André Prando, Manfredo e Anderson Xuxa, e ainda Lenine (PE), Otto (PE), Duda Beat (PE) e a atriz e influencer Mari Bridi (SC), foram alguns de muitos que escolheram ostentar essa imagem no peito enquanto celebravam a imunização.

Mas o que muitos não sabem é que, apesar de ser uma criativa reelaboração da própria logomarca do SUS, a camiseta traz, como paródia, uma referência gráfica bem contestadora: a logomarca da banda californiana Black Flag (Estados Unidos), uma das pioneiras do punk hardcore dos anos 1980, de canções velozes e violentas, com letras que criticam o american way of life como Rise Above e TV Party.

A camiseta do SUS hardcore apareceu como um dos produtos do site da Läjä Records, selo fonográfico de orientação punk radicado em Vila Velha, fundado e tocado desde 1998 por Fábio Mozine, baixista dos grupos Mukeka di Rato, Merda e Os Pedrero

O cantor Silva foi um dos que se vacinou utilizando a camiseta. (FOTO: Reprodução/Instagram)
Parte da renda obtida com esse item, oferecido em diferentes combinações de cores, está sendo revertida para a compra de cestas básicas para doação.

Inicialmente restrita à Läjä, hoje a camiseta pode ser encontrada em outras versões, não beneficentes e com lettering ligeiramente diferente, fabricadas por confecções como a Esquerda, de São Paulo. Procurado pela reportagem de O Globo, um Mozine afeito aos seus princípios punk declinou o convite para fazer comentários, receoso de "ser mal interpretado".

O músico Lenine conta que a camiseta com o símbolo foi um presente de sua produtora Anna Carolina, fã de Mozine. "Achei pertinente por as vendas serem revertidas em cestas básicas para a região de Vila Velha. Na pandemia, a venda de camisetas tem sido mais um apoio para quem trabalha com aglomeração, como a música. O momento em que estamos sendo vacinados é uma janela para se posicionar. É nossa incumbência sair desse cenário reconstruídos", conta.

Otto, por sua vez, elogia a ideia de usar o logo do Black Flag numa defesa do SUS. "Ela é um ato político, como a camisa de uma banda que usamos por ela nos representar. O SUS é o povo cuidando do povo. O grande ministro da Saúde nessa pandemia foram os médicos da linha de frente, toda a assistência popular. Usar essa camisa ao me vacinar foi para simbolizar essa representatividade", destaca.

Mariana Bridi conta que a camiseta chegou a ela como um presente de uma de suas melhores amigas, a consultora de estilo Carol Fajardo. "Fiquei louca quando vi. E o mais legal é parte da venda ser usada em cestas básicas. Quando fui me vacinar, a equipe do SUS amou a camiseta".

Anderson Xuxa no momento da vacinação. (FOTO: Reprodução/Instagram)
O músico Anderson Xuxa defende o SUS e a importância de se manifestar. "Com tantos amigos vestindo essa ação nessa hora, não seria eu que não vestiria. Obrigado ao melhor e mais igualitário plano de saúde do mundo. Obrigado a todos que contribuíram, contribuem e irão contribuir. Mozine grande herói e amigo", afirma.

Texto adaptado de matéria do jornal O Globo


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