Morreu Valter Vieira da Silva, mais conhecido como Golias, aos 74 anos. Golias era proprietário da Golias Discos, famosa loja de discos de vinil, localizada no Centro de Vitória. Ele foi encontrado morto na manhã deste sábado (5).
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| Golias em registro na sua loja de discos em Vitória. (FOTO: Reprodução/Facebook) |
O radialista e locutor Fábio Pirajá homenageou Golias nas redes sociais. "Com pesar informamos o falecimento do colega e amigo, o DJ Golias. Nossos profundos sentimentos".
O velório de Golias está previsto para começar às 7 horas deste domingo (6), no cemitério Jardim da Paz, em Laranjeiras, na Serra. O enterro será às 13 horas.
A história de Golias
Golias mantinha em sua loja de discos, localizada na Rua Gonçalves Dias, no Centro de Vitória, um acervo musical invejável e muito variado. De Beethoven, passando por Beatles a Roberto Carlos, o vendedor sempre afirmava que os discos, popularmente conhecidos também como “bolachões”, nunca viraram coisa do passado.
Antes de se tornar comerciante, Valter, nascido em 13 de janeiro de 1948, em Colatina, era discotecário. O apelido “Golias” surgiu durante esse período, em referência ao comediante Ronald Golias, graças ao seu jeito descontraído e brincalhão em festas no Rio de Janeiro.
O lojista começou a carreira de vendedor de discos na década de 60 quando foi convidado pelo radialista capixaba Jairo Maia a trabalhar em uma de suas lojas de LPs. Em uma entrevista ao programa Jogo Aberto, em 1999, transmitido pela TV Globo, Golias afirmou que aprendeu tudo o que sabe sobre vinil com o radialista.
Em 1971, ele abriu sua primeira loja no centro de Vitória em um sistema que define até hoje como “compra, venda, troca e aluga”.
O local se transformou em um ponto de encontro da garotada. Os capixabas tornaram tradição passar na loja no final da tarde para acompanhar as novidades e lançamentos do meio musical. Nomes ilustres como José Vasconcelos, Martinho da Vila e Maysa Matarazzo já visitaram o estabelecimento.
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| Golias tocando em uma festa nos anos 70. (FOTO: Antônio Carlos Sessa -Tonico) |
Paixão pelos LPs
A loja comandada por Golias era referência na venda de discos no Espírito Santo, porém chegou a fechar em 1998 durante a ascensão do CD. Entretanto, o comerciante não desistiu e reabriu no ano seguinte com a crença de que um dia os discos se perpetuariam.
Ele conta que com ajuda de amigos e muito esforço, indo de porta em porta procurar por vinis, conseguiu reerguer seu negócio. “Mesmo tendo sido desacreditado por muitos eu reabri a loja, me chamaram de louco”, desabafou em uma entrevista.
Além da ascensão do CD, Golias Discos também sobreviveu à pirataria. Na década de 90 e início dos anos 2000, em que se tornou comum a venda de fitas cassete e CDs piratas com preços bem abaixo do mercado, o comércio de vinil mais uma vez passou por momentos difíceis. Contudo, Golias afirma que os “bolachões” são únicos por não poderem ser pirateados.
Para o comerciante, mesmo com os infinitos formatos de armazenamento de músicas e a possibilidade de serem encontradas em plataformas digitais, o LP é procurado por ser singular. “O disco é diferente, o som é diferente”, garantia.
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| Golias com LPs do capixaba Roberto Carlos. (FOTO: Reprodução) |
Um patrimônio da capital
Conhecida dos capixabas, a Golias Discos já esteve na Av. Jerônimo Monteiro, na Av. Princesa Isabel e agora se encontra na rua Gonçalves Dias. O local se tornou um símbolo da memória de Vitória e resiste ao enfraquecimento do comércio e à falta de investimentos no centro da cidade.
Em 2018, a história de Golias se transformou em um documentário produzido pela Karatapa Films, intitulado Admirável Golias. Sob o olhar de algumas de suas muitas amizades, a obra conta o passado do comerciante.
Com informações de Gustavo Andrade, Milena Costa e grupo Memória Capixaba
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