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Marcha Contra o Extermínio da Juventude Negra marca o dia de luta antirracista

A Marcha Estadual contra o Extermínio da Juventude Negra deste ano será marcada pela valorização da memória e a continuidade da luta antirracista, e pela igualdade de direitos para a população negra.

Em sua 15ª edição, a tradicional caminhada alusiva ao Dia Nacional da Consciência Negra vai acontecer no dia 19 de novembro, sábado, a partir das 14 horas, com o tema “Nascem milhares dos nossos cada vez que um nosso cai”. O título foi extraído da música Cota não é esmola, da cantora, compositora e artivista Bia Ferreira (MG).

Jean Cirilo, Filipe Lima e Ramon Matheus vão participar do evento. (FOTO: Renato Moulin)
A concentração será na Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória. De lá, os participantes seguirão para o Bar da Zilda, a Rua Sete de Setembro, a Praça Ubaldo Ramalhete e a Avenida Jerônimo Monteiro, culminando no Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas, no Parque Moscoso, que será palco de apresentações culturais.

A realização do ato é do Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes), entidade que desde 2007 congrega a juventude negra capixaba com o objetivo de construir a luta antirracista pela emancipação do povo negro e contra qualquer forma de opressão.

Tradicionalmente realizado em 20 de novembro, quando se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra, o evento deste ano foi antecipado para o dia 19 em função das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), marcadas para os próximos dias 13 e 20 de novembro.

No ano passado, o ato ocorreu na região do Território do Bem, que envolve nove bairros periféricos de Vitória. De acordo com o presidente do Fejunes, Filipe Lima, o retorno do trajeto para o Centro da capital se deve à importância histórica do local.

“Compreendemos que a luta antirracista envolve memória e continuidade, e o resgate da importância dos que vieram antes de nós. Trazer a Marcha para o Centro de Vitória e encerrar no Mucane é dar visibilidade a um lugar muito importante para o movimento negro capixaba, que abriga a memória da nossa população negra”, afirma.

Jovens durante o ato no último ano, na região do Território do Bem, em Vitória. (FOTO: Divulgação)
Pautas
Além do tema “Nascem milhares dos nossos cada vez que um nosso cai”, que representa a continuidade histórica da luta antirracista, o Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo elenca outras pautas presentes na marcha deste ano.

“O nome da marcha traz nossa principal pauta, o direito à vida para a juventude negra, cláusula pétrea da Constituição de 1988 que ainda não foi efetivada”, aponta Filipe Lima.

A Fejunes se articula junto ao movimento negro do Espírito Santo para cobrar do poder público o cumprimento de direitos sociais previstos na Carta Magna, como educação de qualidade em todos os níveis, voltada para uma formação humanista e cultural; sistema de saúde com ênfase na prevenção de doenças; uma política de segurança que não criminalize a pobreza e a população negra periférica, assim como um investimento maior na área cultural, que vem sofrendo seguidos cortes nos últimos anos. 

“Em síntese, consideramos que os investimentos públicos nas áreas sociais são insuficientes para atender às demandas da população em geral. Outra pauta não menos importante é a defesa e ampliação da Lei de Cotas (2012), que este ano se encontra em revisão”, destaca o presidente do Fejunes.

Marcha Contra o Extermínio da Juventude Negra em 2021. (FOTO: Divulgação)
Atlas da Violência
Para elaborar suas reivindicações, a entidade se baseia em uma triste realidade: jovens e negros são as maiores vítimas da violência no Espírito Santo, de acordo com o relatório Atlas da Violência 2021.

Segundo o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 53,35% dos homicídios registrados no Estado entre 2009 e 2019 foram de homens de 15 a 29 anos. Já os negros foram vítimas de quase 78% dos crimes.

O mesmo levantamento aponta que, no Brasil, um negro tem 2,6 vezes mais risco de ser assassinado do que um não negro. Para a Fejunes, os dados refletem a desigualdade social, o racismo estrutural e o histórico de negação de direitos à população negra no país.

 “Infelizmente nosso atual modelo de sociedade privilegia os interesses de uma camada social minoritária, em função da sua condição financeira, em detrimento da maior parte da população, que é composta por pequenos empreendedores e trabalhadores, alimentando assim tanto as desigualdades quanto o racismo”, analisa Filipe.

Para o jovem, a construção de uma sociedade mais igualitária e livre do racismo passa pela redução das desigualdades socioeconômicas, aliada à implementação de políticas públicas voltadas para a população negra, que visem reduzir as desigualdades entre brancos e negros.

“Isso poderia ser feito de inúmeras formas: posso mencionar o aumento do salário mínimo, mais investimento na educação básica, com o fortalecimento do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) nas escolas públicas, maiores investimentos nas políticas de assistência estudantil no ensino superior, ampliação da política de cotas para a pós-graduação e concursos públicos e a expansão das linhas de créditos para pequenos empreendedores”, exemplifica.



Serviço
15ª Marcha Estadual contra o Extermínio da Juventude Negra
Data e horário: 19/nov (sábado), às 14h
Trajeto: concentração na Praça Costa Pereira, com saída em direção ao Bar da Zilda, Rua Sete de Setembro, Praça Ubaldo Ramalhete e Avenida Jerônimo Monteiro, e encerramento no Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas (Mucane) - Avenida República, 121, Parque Moscoso, Vitória. No local haverá o Festival da Cultura Negra, com apresentação de grupos de capoeira, de percussão e samba
Realização: Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes) e Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas (Mucane)

A educadora Julia Lyra é presença certa na marcha deste ano. (FOTO: Renato Moulin)

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