Pular para o conteúdo principal

Quase 90% dos músicos do Brasil tiveram perdas financeiras com a pandemia em 2021, diz pesquisa

Uma pesquisa da União Brasileira de Compositores (UBC) e o cRio, o think tank da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), revela que 89% do músicos brasileiros afirmaram que passaram a ganhar menos dinheiro durante a pandemia. O dado representa um aumento em relação a 2020, quando 86% alegaram ter sofrido perdas.

A pesquisa "Músicos/as & Pandemia" foi realizada pelo segundo ano consecutivo. O levantamento traz um diagnóstico atualizado de como a pandemia de Covid-19 afetou o mercado musical no Brasil. Os resultados, assim como em 2020, traduzem o tamanho do impacto.

Músicos tiveram perdas com a pandemia. (FOTO: Divulgação)
Foram ouvidos 611 músicos e 37 empresas ligadas ao setor. A pesquisa tem margem de erro de cinco pontos e ouviu representantes de todos os estados brasileiros.

A diretora do cRio ESPM Sandra Sanches, destaca a importância do estudo para as questões que envolvem o setor musical brasileiro, um dos mais importantes da economia criativa. "Os dados da pesquisa mostram que a pandemia criou inúmeros desafios para o crescimento do país e reforçam a necessidade de se pensar em soluções para a área", diz.


O perfil dos profissionais ouvidos, condizente com a média nacional no mercado da música, é majoritariamente de homens (84%), de 31 a 50 anos (57%) e com ensino médio (32%) ou superior (27%). Autores, instrumentistas, cantores e produtores são os profissionais mais comuns da cadeia produtiva, e a faixa de renda mínima que eles disseram necessitar para se manter varia entre R$ 2 mil (18%) e R$ 3 mil (18%). No entanto, 19% afirmaram precisar arrecadar mais de R$ 5 mil mensalmente. Entre todos os entrevistados, 46% trabalham unicamente com a música.

Além dos artistas, a crise atingiu os mais diversos elos da cadeia produtiva do setor. Entre as empresas ouvidas pela pesquisa, 40% não demitiram funcionários desde o início do isolamento social, mas 33% tiveram que diminuir os salários dos colaboradores neste mesmo período.

Metade ficou sem renda
Outro dado que chama a atenção é a proporção de artistas que tiveram suas receitas totalmente interrompidas. O levantamento aponta que preocupantes 50% dos profissionais perderam 100% do que ganhavam com música antes da pandemia, enquanto 25% dos entrevistados perderam até 80% e os 25% restantes tiveram queda de até 50% dos rendimentos.

O levantamento traz ainda informações de como a pandemia forçou artistas que antes se dedicavam exclusivamente à música a buscarem outras fontes de renda. Se 46% seguem com renda totalmente proveniente da música, 18% afirmaram que começaram a procurar outras atividades por causa da pandemia, enquanto 35% afirmaram que já tinham outros trabalhos anteriormente.

Apesar dos números alarmantes sobre o impacto da crise na renda da categoria, a esperança em dias melhores também foi refletida na pesquisa. 53% dos ouvidos afirmaram que pretendem continuar trabalhando apenas com música, mas diversificando suas atuações neste mercado. Já 30% seguirão se dedicando à carreira da mesma maneira. Enquanto isso, 3% disseram que pretendem seguir no mercado, mas diminuir a atuação com música e focar em outra profissão complementar. E apenas 2% disseram que pretendem deixar de trabalhar com música.

As perspectivas positivas dos artistas também são refletidas nas projeções dos músicos para a volta das plateias: 39% dos ouvidos acreditam que os eventos terão grande adesão de público devido à demanda reprimida do confinamento; 34% acreditam que shows e eventos terão adesão controlada, seguindo os protocolos das agências sanitárias; e somente 11% afirmam que apresentações ao vivo terão baixa adesão de público devido ao medo de novas variantes.

Diretor-executivo da UBC, Marcelo Castello Branco, ressalta a importância dos levantamento dos dados e como eles podem nortear a atuação não só da entidade, mas de toda a indústria.

"O mercado da música cada vez se orienta mais por dados, pesquisas e estudos de comportamento e tendência. Eles são vitais ferramentas de trabalho para nossas previsões e estimativas. A inteligência de negócios nos ajuda a enfrentar e desafiar estes dias que manual de sobrevivência nenhum especulou", afirma Branco.

Com informações da  União Brasileira de Compositores (UBC)

Comentários

Mais lidas

Músicos capixabas em show com talentoso violonista carioca em Vitória

Santa Teresa se prepara para um 2024 histórico: 150 anos de imigração italiana no Brasil

Toponímias capixabas de origem indígena