No mês em que o hip-hop celebra 52 anos, o Cine Metrópolis, na Universidade Federal do Espírito Santo, recebe nesta terça-feira (26), às 19 horas, com entrada gratuita, a primeira sessão pública de Onde Está Zumbi?.
O documentário de 53 minutos reconstrói o processo de criação do LP Tributo a Zumbi (1996), primeiro registro fonográfico do rap capixaba.
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Os artistas Brau, Tropeço, Sagaz e Renegrado Jorge durante as gravações do LP. (FOTO: Acervo pessoal) |
É nesse cenário que a Ladeira São Bento, no centro de Vitória, surge como ponto de encontro de artistas e militantes, um espaço que funcionou como um quilombo urbano.
Pandora Da Luz, articuladora de encontros no local, rememora: “A Ladeira São Bento representava um espaço de força e abrigo. Estar ali era como ter um quilombo no meio da cidade, um lugar para formar pensamento, criar e se reconhecer”.
Dessa convivência surgiram vínculos que conectaram diferentes grupos e deram origem à ideia de gravar um disco coletivo.
O filme reúne vozes de quem viveu esse processo. Renegrado Jorge, um dos articuladores do projeto, lembra que gravar era caro e exigia precisão.
“A gente tinha que ir para o estúdio ensaiado, nervoso, porque o dinheiro não dava para errar. O vinil ficou com falhas, mas era o máximo que a gente conseguia para a época”.
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A rapper Andreia, integrante do Conceito Feminino, e a ativista e produtora Pandora Da Luz. (FOTO: Acervo pessoal) |
Zumba, do Negritude Ativa, destaca o impacto político da faixa Ideologia do Gueto: “Ela me fortaleceu no meu pensamento, na minha ideologia. É nós por nós mesmo”.
Já GL Preto, parceiro de Zumba no grupo, observa que a experiência marcou a cena local: “O disco se tornou um marco histórico para o hip-hop do Espírito Santo. Pouquíssimas pessoas têm acesso a ele hoje”.
O LP reuniu oito grupos — Negritude Ativa, Tropa de Zumbi, Conceito Feminino, Mano Jeff & DJ Edy, DJ Criolo & Renegrado Jorge, Suspeitos na Mira, Observadores e Radicais Livres — gravados em estúdios improvisados e com equipamentos como o teclado Roland W-30, que integrava sampler e sequenciador.
Com poucos segundos de memória para cada amostra, exigia soluções criativas e montagem manual das batidas, tornando cada faixa um exercício de engenhosidade coletiva. As letras abordam racismo, violência policial, desigualdade social e afirmação da identidade negra.
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A capa do LP Tributo a Zumbi. (FOTO: Acervo pessoal) |
“Mais que reconstruir um disco, Onde Está Zumbi? documenta um momento em que o hip-hop se inscreveu de forma definitiva na história cultural do estado. Um registro que conecta passado e presente, reafirmando que as batidas e vozes daquele vinil ainda reverberam nas ruas — e seguem iluminando os caminhos de uma cultura que completa 52 anos”.
Mais que reconstruir um disco, Onde Está Zumbi? documenta um momento em que o hip-hop se inscreveu de forma definitiva na história cultural do estado. Um registro que conecta passado e presente, reafirmando que as batidas e vozes daquele vinil ainda reverberam nas ruas.
A realização do documentário foi viabilizada com recursos da Secretaria da Cultura do Espírito Santo (Secult-ES), por meio do Edital Funcultura nº 14/2022, destinado à seleção de projetos de Produção Audiovisual no Estado.
Exibição do documentário “Onde Está Zumbi?”
Data e horário: 26/ago (terça-feira), às 19h
Local: Cine Metrópolis – Ufes - Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória
Entrada: Gratuita
Ficha técnica
Direção e roteiro: Luiz Eduardo Neves
Direção de fotografia: Diego Capeleti e Rafael Harduim
Edição: Diego Capeleti
Produção: Luciano Adriano
Produção musical do LP: DJ Criolo, DJ Tropeço e Onival
Elenco: DJ Tropeço, GL Preto, Mano Jeff, José Roberto Santos Neves, L.Brau, Pandora Da Luz, Renegrado Jorge, Sagaz e Zumba
Trilha sonora: “A História de Ed” – Tropa de Zumbi; “Futuro Destruído” – Mano Jeff; “Ideologia do Gueto” – Negritude Ativa; “Verdades” – Radicais Livres; “Olho por Olho” – Suspeitos na Mira; “Vítimas do Submundo” – Conceito Feminino; e “Zulunegão” – Renegrado Jorge
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