Pular para o conteúdo principal

Entrevista: Rodrigo Lima destaca participação no Formemus e turnê da Dead Fish na Europa

“O Espírito Santo é o estado da federação que mais se importa em aprender e em ensinar sobre tudo referente a arte e o mercado da música”. É o que afirma Rodrigo Lima, vocalista da banda Dead Fish, criada em Vitória há 34 anos e uma das mais expressivas do hardcore nacional.

Ele participa de um dos painéis da sétima edição do Formemus, um dos maiores festivais-conferência do Brasil dedicados ao universo musical independente, que acontece entre quarta-feira (27) e sábado (30).

Rodrigo Lima é vocalista e um dos fundadores da banda Dead Fish. (FOTO: Marcelo Marafante)
O painel terá como tema “O jogo por trás da música: estratégias de sucesso no mercado musical”, com participação também de Henrique Portugal, da banda Skank (MG), Marcelo Mira, da banda Alma Djem (DF), e Vanessa Castro, A&R da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus), e será na quinta-feira, às 15h30.

Rodrigo Lima conversou com O Melhor da Música Capixaba (confira a entrevista mais abaixo) e conta também sobre as expectativas da Dead Fish da turnê na Europa em setembro — a Tour Ibérica passará por Portugal e Espanha.

“Estamos felizes de podermos ir de novo pra Portugal e irmos conhecer a Espanha, acho que a banda existe por isso, por que gosta de estar na estrada”, afirma.

Leia mais

A banda Dead Fish fará shows em Portugal e Espanha. (FOTO: Divulgação)
ENTREVISTA
Rodrigo Lima, vocalista da banda Dead Fish
OMMC - Você participará de um painel que falará sobre estratégias de sucesso no mercado musical. Quais foram as estratégias da banda Dead Fish?
Rodrigo Lima - Acredito que não sejamos um modelo de estratégia ou planejamento em trinta e tantos anos. Começamos muito moleques formando uma banda pra tocar para os amigos e fazendo covers de banda que não ouvíamos na rádio em Vitória. Foi no álbum Sonho Médio, de 1999, que vislumbramos uma forma de trilharmos um caminho numa cena musical, mas sempre do nosso jeito, nos nossos termos.

Já tínhamos um selo que funcionava no meu quarto na casa da minha mãe, já vínhamos de uma comunidade que é a do skate, naquele momento do fim nos oitenta para o começo dos noventa o skate punk reinava, o skate não era só um negócio, era uma forma de mudar as coisas de mudar o entorno e o mundo. Do álbum Afasia, de 2000, as coisas mudaram bastante, a gente já estava muito na estrada, muitas tour saindo do ES foram planejadas e praticamente vivemos 3 anos na estrada, dentro de uma van e isso fez muita diferença, porque não nos importávamos em tocar em rádio ou aparecer na TV. 

As coisas aconteciam nos shows e nas cidades que íamos, de venda de CD a ir as rádios e distribuidoras alternativas, acho que construímos, a grosso modo, nossa estrutura óssea que permanece até hoje fazendo isso. Claro que de 2004 para frente com o Zero e Um, que saiu pela Deckdisc as coisas mudaram radicalmente e entramos para aprender e entender a indústria musical brasileira de cabeça e obviamente erramos muito, mesmo hoje eu achando que esses erros nos deram uma consciência gigante da realidade da indústria. Desse álbum para frente tudo mudou e tivemos que nos reinventar milhões de vezes, mas se eu for escrever mais aqui essa resposta vira um livro.

“É importante também estudar e entender os direitos autorais e tudo que o cerca”

OMMC - Que histórias de bastidores destacaria para que a banda tenha chegado ao sucesso que é hoje?
Rodrigo Lima - Temos muitas, mas a melhor história de bastidor está no documentário da Deckdisc que é a minha conversa com o João Augusto e o Rafael Ramos (fundadores da Deckdisc) quando assinamos a primeira vez um contrato com eles. Esses dois salvaram a vinda da banda para sempre, mas não quer dizer quer nossas primeiras conversar foram fáceis lá atrás.

OMMC - Quando se fala dos direitos autorais, qual a importância desse quesito para que se tenha sucesso na música? O que diria para compositores que estão iniciando carreira?
Rodrigo Lima - Meu conselho é que nunca ignorem os registros de sua obra, ainda mais em tempos de hoje que tudo pode aparecer numa rede social de alguém que não tem nada a ver com sua obra e essa pessoa ganhar em cima da sua obra e você ficar de mãos atadas.

É importante também estudar e entender os direitos autorais e tudo que o cerca. Por mim em toda banda existiria um especialista nisso porque facilita demais a vida dos artistas entender sobre o assunto. 

OMMC - O que os participantes do painel no Formemus podem esperar? 
Rodrigo Lima - Da minha parte muita informação, honestidade e curiosidade também. Estou indo para esse painel para aprender mais ainda. 

OMMC - O que destaca sobre o papel do Formemus para o mercado da música, não só no Espírito Santo, mas para todo o País?
Rodrigo Lima - Eu acho que o Espírito Santo é o estado da federação que mais se importa em aprender e em ensinar sobre tudo referente a arte e o mercado da música. Sempre fomos — ai me incluo — muito por fora da grande indústria brasileira e isso nos fez sermos comprometidos o bastante com as nossas coisas, o nosso território, a nossa produção e isso é muito importante para mercado como um todo.

Rodrigo Lima estará quinta-feira (28) no Formemus. (FOTO: Marcelo Marafante)
OMMC - Falando agora da banda Dead Fish, vocês estarão agora em setembro em turnê por Portugal e Espanha. Qual a expectativa para esses shows? 
Rodrigo Lima - Estamos felizes de podermos ir de novo para Portugal e irmos conhecer a Espanha. Acho que a banda existe por isso, porque gosta de estar na estrada. Em Portugal já temos uma base bem legal de gente que curte a banda e agora estamos expandindo para Espanha que é absolutamente uma incógnita para nós e isso é divertidíssimo, já de começo, se der certo melhor ainda.

OMMC - E quais os próximos passos da banda, quando se fala de novas músicas e lançamentos? O que pode nos contar?
Rodrigo Lima - Temos álbum novo por vir, tour de 35 anos e um material em vídeo gravado na Audio Club esse ano para sair.

Comentários

Mais lidas

Cena Capixaba #126: Sertanejo de Thiago Meirelles pela primeira vez nos palcos da Europa

Artigo: “Quando o festival serve o mesmo prato e a cultura pede novos sabores”

Morre atriz mirim capixaba do filme "Helena", com cenas gravadas em Vitória