Pular para o conteúdo principal

Izar lança EP “Teatro Virtual”, debate sobre a extravagância ilimitada e autoritária no ambiente digital

O professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) José Antônio Martinuzzo escreve o seguinte trecho sobre as redes sociais digitais em seu livro Ciberbarroco - biopoder na digitalidade: “Bolha de afetos os mais diversos, do amor ao ódio. Balcão onde se compra e se vende tudo, de uma imagem de si ao fast food que nutre a carne que inspira ilusão nas telas. Marketplace da atenção no negócio das big techs”.

A partir dessa premissa e ao analisar o cenário ilusório vendido pela extravagância dos comportamentos no ambiente digital, o músico e compositor Izar lança nesta sexta-feira (19) o EP Teatro Virtual, com quatro canções, nas plataformas digitais e no YouTube.

O músico Izar vai lançar EP com quatro faixas. (FOTO: Melina Furlan)
O trabalho, com produção do multi-instrumentista e guitarrista de Ed Motta, Thiago Arruda, se ambienta na sonoridade dos anos 80, com influência de Chicago, Marcos Valle, Rita Lee, Roupa Nova e outros grandes nomes, de modo a exercitar o diálogo entre o futuro projetado (anos 80) e o futuro real (hoje).

A primeira canção da coletânea, Eu Hoje Sou Massa (Suspira!), é um pop oitentista que expõe, de forma criativa, as características das big techs que controlam o mercado – e, portanto, os comportamentos gerais no ambiente virtual e na sociedade.

A Apple evoca admiração suprema; o Google é o nosso deus moderno; a Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp) é a formadora de consciência a partir da cobiça; e a Amazon representa o consumo demasiado e veloz.   

Já a faixa-título do EP, Teatro Virtual, é inspiração direta do livro de Martinuzzo e da obra de Marcos Valle. Como fio condutor, a relação da arte barroca com o ambiente digital e seus tons exagerados, que dirigem nosso olhar diante da batalha pela atenção: “Sombras e luz, eu quero ostentar e, assim, o seu olhar é o que conduz”, diz trecho da letra.

A música apresenta ainda um belo arranjo de metais, com direção de Bruno Santos, que também tocou flugelhorn e trompete, além das participações de Joabe Reis (trombone) e Roger Rocha (saxofone e um belíssimo solo de flauta).


A Luz Que Me Guia
, terceira faixa do EP e já lançada como single em 2023, é um “feat” de Izar com o ChatGPT. A pedido do artista, o programa escreveu a primeira parte da letra cruzando informações do próprio Izar, que responde e faz críticas ao robô na segunda estrofe.

Por fim, o EP traz a canção Romance Digital, história fictícia de um amor não correspondido nem antes e nem depois da era virtual. O personagem principal encheu-se de esperança ao observar que a musa - ou o muso - de muitos anos atrás estava agora muito próxima com seu perfil nas redes sociais. Os planos falharam novamente.

Izar já está em sua terceira coletânea. Lançou o disco O Amor, A Escuridão E A Esperança, em 2018; o álbum Fantástica Realidade, em 2022; e revela ao mundo agora o EP Teatro Virtual. O artista há um tempo já incita o debate sobre os comportamentos na internet e a regulação do ambiente digital.

Em 2020, sobre o tema lançou o single Todo Mundo É Mais Famoso Que Eu; em 2022, trouxe ao mundo Fake, manifestação contra as notícias falsas.

A capa do novo EP de Izar. (ARTE: Rodrigo Basseti)
Ficha técnica
EP: Teatro Virtual
Faixas: 4
Data de lançamento: 19 de julho
Composições, voz e guitarra: Izar
Produção musical, bateria, guitarra, violão e baixo: Thiago Arruda
Teclado: Lucas Arruda
Arranjo de metais, flugelhorn e trompete (em Teatro Virtual): Bruno Santos
Trombone (em Teatro Virtual): Joabe Reis
Saxofone e flauta (em Teatro Virtual): Rocher Rocha
Gravação, mixagem e masterização: Igor Comério

Comentários

Mais lidas

Fabiano da Serra, Mano Jô e MC Anderson resgatam o rap raiz em “Profetas Fakes”

Prêmio da Música Capixaba abre etapa de indicações e inscrições para quarta edição

BoomRap Fight: batalha de MC garante vaga no maior palco de cultura de rua do Sudeste