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Entrevista: Alex Emissário anuncia nova música e fala da cena do rap no Espírito Santo

O rapper, compositor e mestre de cerimônia Alexsandre Silva dos Santos, ou somente Alex Emissário, iniciou sua carreira artística em 2002, quando ainda era apenas compositor.

Alex Emissário gravou videoclipe no projeto Campo Sonoro. (FOTO: Acervo pessoal)
Natural de Vila Velha, já viajou por diversas partes do Brasil com apresentações, trabalhos lançados, entre muitas outras atividades que desenvolve. Emissário já dividiu palco com nomes como Emicida (SP), Racionais MCs (SP) e Criolo (SP).

Em entrevista exclusiva ao portal O Melhor da Música Capixaba, Alex Emissário falou sobre a gravação da música Raízes no projeto Campo Sonoro e do momento atual da cena do rap no Espírito Santo.

ENTREVISTA
Alex Emissário, rapper e compositor
OMMC - Um projeto que tem chamado bastante atenção é o Campo Sonoro. Como você vê esse projeto que está dando espaço a diversos artistas?
Alex Emissário - Esse projeto é incrível, forte iniciativa de Tavn, que é uma pessoa que admiro demais. Um cara que antes de qualquer coisa ama a cultura hip-hop presente no Estado e no mundo. Faz e já fez muita coisa pela cultura hip-hop, seja no ramo musical com o seu grupo Lenda Pessoal, ou com eventos dando oportunidades para artistas que necessitam serem visto pelo público.
O Campo Sonoro é a vez do artista brilhar e mostrar para que veio e isso de forma gratuita. As vezes o músico independente não tem condições mínimas de investir em sua arte, e o Campo Sonoro veio para dar oportunidade para o trabalho acontecer.

OMMC - Você também gravou um clipe no projeto. O que pode antecipar desse som que vai lançar?
Alex Emissário - Gravei o videoclipe de uma música chamada Raízes, uma música que escrevi a cerca de quatro anos. Inicialmente essa música teria a participação do rapper carioca Essiele, mas esse projeto não se concretizou, então decidi mudar os planos.
Fui até o meu produtor Ton Withan e ele produziu a música e fez uma participação especial no refrão. A música fala sobre mantermos as nossas raízes, e manter sempre o pé no chão com humildade, e nunca perder a fé seja em quem for. É uma música de incentivo.

Alex Emissário comentou sobre a atual cena do rap do Espírito Santo. (FOTO: Acervo pessoal)
OMMC - O que destaca da atual cena do rap no Espírito Santo?
Alex Emissário - Creio que a cena do hip-hop capixaba se dissipou, principalmente ao que tange ao rap. A minha visão é que após a pandemia muitos artistas desistiram no meio do caminho, não renovaram, não estudaram, não buscaram saber que a música hoje em dia é um produto que precisa ter o seu valor reconhecido. 
Os artistas que conseguiram olhar para dentro, que conseguiram ter uma assessoria, um empresário, um investidor, entre outras coisas necessárias para a carreira andar, na minha opinião se destacaram. Não vou citar nomes porque talvez alguém me veja como injusto, mas a minha opinião é essa: quem teve visão se destacou.

OMMC - O que falta para maior visibilidade de alguns artistas da cena?
Alex Emissário - Em primeiro lugar o investimento, pessoas, empresários, produtoras, selos que estejam interessados de fato nos artistas a ponto de ajudarem a fazerem suas carreiras decolarem. 
Manter uma carreira na música não é uma simples tarefa, e infelizmente hoje em dia não é só lançar a música em todos os streamings e pronto, não é assim que funciona, existem milhões de ingredientes para colocar o bolo no forno.
Tem que estudar, tem que haver maiores festivais de música que estejam dispostos a colocar como atrações somente artistas capixabas e que esses artistas sejam tratados de igual para igual com artistas que vem de outros cantos do País para se apresentarem no nosso Estado, porque de fato aqui existe uma cena que não perde para nenhum outro lugar artisticamente falando.
Mas é preciso ter esse olhar mais profundo, acho que o público capixaba deveria também dar mais valor para os artistas capixabas, seja consumindo, compartilhando, indo aos shows, seguindo em redes, acompanhando, e não falo isso apenas de artistas do meio que estou inserido, que é o rap, e sim de qualquer gênero musical presente no Estado.

OMMC - O Espírito Santo tem recebido alguns grandes eventos com artistas nacionais do rap. Na sua visão, os organizadores deveriam dar mais espaço para os artistas capixabas?
Alex Emissário - Sem sombra nenhuma de dúvidas, alguns eventos eu posso até dizer que a visão não seja de dar espaço para alguém, mas sim de lucrar.
É muito triste saber que existe artistas incríveis no Espírito Santo que não tem a oportunidade de se apresentarem para um grande público como esses festivais com megaestrutura feitos em estádios de futebol, e fazer grandes conexões.
Alguns eventos nem sequer sabem e conhecem os artistas daqui, alguns nem pesquisam para saber. Isso é muito complicado, e é uma tecla que batemos a anos, mas seguimos na luta, acreditando que tudo pode mudar.

OMMC - Teria algo mais que destacaria da cena rap capixaba?
Alex Emissário - A cena deveria voltar às praças, quebradas, favelas e comunidade. O rap capixaba ainda é a esperança de pessoas sem perspectivas, o poder transformador do hip-hop não morreu.
Peço encarecidamente que todos os organizadores de eventos de hip-hop voltem a realizar os eventos em suas comunidades, convoquem os artistas. Precisamos voltar a se unir e não deixar que a corrente se quebre.

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