Inédito há cerca de 30 anos, o extenso projeto História da Literatura do Espírito Santo, realizado entre o fim da década de 1980 e início dos anos 1990, vem a público pela Editora da Ufes (Edufes) em formato e-book.
Disponível para download gratuito, a obra em três volumes datilografados foi coordenada pelo escritor e servidor aposentado da Ufes Reinaldo Santos Neves. Os livros contam com ensaios de Oscar Gama Filho, Luiz Busatto, Renato Pacheco, Francisco Aurelio Ribeiro e Deny Gomes, desde o período colonial até os anos 1980.
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Escritor Reinaldo Santos Neves coordenou a obra. (FOTO: Camila Matusoch) |
“Encontrei-a em três pastas bem conservadas de datiloscritos. Fiquei impressionado com a riqueza do documento e percebi de imediato a necessidade de publicizá-lo”, lembra Sodré.
A intenção do professor era publicar a obra no blog do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Literatura do Espírito Santo (Neples), coordenado por ele entre 2017 e 2019.
Os volumes, então, foram digitalizados pela Biblioteca Central, mas a pandemia de covid-19 interrompeu o processo de publicação. A edição do material foi retomada no final de 2022 e, em dezembro de 2023, os volumes fac-similados foram publicados pela Edufes.
“A edição eletrônica fac-similada foi a melhor escolha editorial, porque atende de modo ágil, rápido e gratuito as demandas de pesquisadores locais, nacionais e internacionais”, explica Sodré. Contemplando cinco séculos de produção literária, a obra pode incentivar a sistematização da história literária do estado a partir dos anos 1990 até a atualidade.
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A capa da obra que resgata a história da literatura capixaba. (FOTO: Divulgação) |
Momentos decisivos
Baseado nos ensaios da obra e em estudos paralelos de Oscar Gama Filho e Francisco Aurelio Ribeiro, Sodré aponta o século XX como o “ponto de relevo” da escrita criativa produzida no Espírito Santo.
“Seja pela ampliação de um sistema, ainda que modesto, de fomentação, produção, difusão e recepção da literatura feita em território espírito-santense, seja pela fundação de academias de escritores”, diz.
Como expoentes da época no cenário nacional, ele cita autores como Maria Antonieta Tatagiba, Mendes Fradique, Achilles Vivacqua, Haydée Nicolussi, Rubem Braga, Marly de Oliveira, Renato Pacheco, José Carlos Oliveira, Elisa Lucinda, Bernadette Lyra e Waldo Motta. Sodré afasta a classificação de “literatura capixaba” das obras produzidas no estado.
“Trata-se antes de pensar em uma literatura brasileira – com seu traço ‘continental’, dada a imensa dimensão territorial do país –, produzida no Espírito Santo, a exemplo das linhas de estudo dedicadas à literatura mineira, amazônica ou gaúcha. Não está em pauta identificar ‘capixabismo’ na literatura brasileira aqui produzida, mas observar como os movimentos literários foram recebidos e ‘traduzidos’ por cada estado ou região do país, e não apenas pelo sistema literário carioca ou paulista, base do que consideramos o sistema literário nacional. A literatura brasileira pulsa para além desse famoso (embora fundamental) eixo”, afirma.
Baixe gratuitamente os três volumes:
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