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Verônica Gomes é a homenageada capixaba do 32º Festival de Cinema de Vitória

Atriz, diretora, produtora e ativista. Esta é Verônica Gomes, a homenageada capixaba do 32º Festival de Cinema de Vitória, que acontece de 19 a 24 de julho, na capital capixaba.

Uma das figuras mais emblemáticas da produção cultural no Espírito Santo, a artista tem uma trajetória expressiva nos palcos e, nos últimos anos, mantém uma relação de proximidade com o audiovisual, além de ser uma presença de destaque na militância cultural capixaba.

Verônica Gomes é atriz, diretora, produtora e ativista. (FOTO: Andie Freitas/Acervo Galpão IBCA)
Verônica Gomes diz ter ficado surpreendida pelo convite, mas afirma ter sido tomada pela alegria com a homenagem.

“Eu tenho um carinho muito grande pelo festival. Mas não esperava essa homenagem, fui pega de surpresa. Acho que todo artista quer ser reconhecido, principalmente em vida. E parece que valeu a pena, sabe? A resistência, a gente não ter desistido. Acho que foi uma das coisas mais lindas que aconteceu na minha vida, no meu tempo de atriz, em quase 40 anos de atuação artística.”

Como parte da homenagem, ela receberá o Troféu Vitória e o Caderno da Homenageada, publicação inédita e biográfica, assinada pelos jornalistas Leonardo Vais e Paulo Gois Bastos, que trata da sua vida e trajetória profissional.

Teatro
Natural de Aracruz, Maria Verônica do Nascimento Gomes mudou-se com sua família para a cidade de Vitória, aos quatro anos de idade, em 1964.  Sua relação com o universo cultural se deu desde a infância, mas através do contato com o mundo musical especialmente através de seus tios que eram músicos.

A dança, a poesia e o teatro fizeram parte da adolescência e do início da juventude de Verônica. Em 1986, ela estreou profissionalmente nos palcos, com A Gang do Beijo, de José Louzeiro.

Nesta fase, conciliou o teatro com a graduação em Comunicação Social (Jornalismo), que ela concluiu em 1989, e atuou como produtora de TV e jornalista na TV Educativa do Espírito Santo.

Verônica Gomes receberá o Troféu Vitória e o Caderno da Homenageada. (FOTO: Andie Freitas/Acervo Galpão IBCA)
A partir da sua estreia ela se dividiu entre as funções de atriz, produtora e diretora. Entre os trabalhos como atriz, na década de 1980, estão Eu Sou Vida, Eu Não Sou Morte (1987); Auto de Frei Pedro Palácios (1987); e O Riso (1988), espectáculos dirigidos por César Huapaya; e Negritude (1988), com direção de Vera Viana.

Na década de 1990, ela assinou inúmeros trabalhos como diretora de produção, entre eles, Que Droga Não Ter Asas (1992); e Quarta-Feira Lá em Casa Sem Falta (1993), pelo qual recebeu o Prêmio Sated-ES de Melhor Produção.

Também esteve presente como atriz em montagens como Grades Suspensas (1996), monólogo que contou com a  Direção de Robson de Paula; Palhaço (1996), dirigido por Dácio Lima; e A Mulher Que Matou Os Peixes (1996), adaptação do texto homônimo de Clarice Lispector, em que assinou a direção artística e de produção, além de atuar.

No início dos anos 2000, ela faz uma dobradinha com o diretor Robson de Paula em dois espetáculos: Caso Herzog (2000) e Uma Casa Brasileira Com Certeza (2001).

De 2000 a 2010, participou como atriz e diretora artística do projeto Rádio Terra, em que produziu nove textos da autora Margareth Maia, entre eles Nem Todo Lixo É Lixo, Alice No País Sem Maravilhas e Água Fonte da Vida.

Nos anos 2010, participou do projeto Eluzartes e esteve em cena no espetáculo Meu Lugar, Meu Umbigo no Centro do Mundo (2012); e da peça Acabo Ficando, Mas Sempre Querendo Ir (2012). Em 2013,  dirigiu Os Tipos Populares de Vitória, com texto de Milson Henriques.

Em 2015, foi a protagonista do solo O Mistério da Casa Amarela, livre adaptação do texto "Mulher Sozinha", de Dario Fo e Franca Rame, com direção de Renato Direnzo.

Ao longo dos anos 2010, também participou de inúmeras encenações do Auto de Natal, com encenadores e textos múltiplos, atuando em diferentes funções como diretora artística, diretora de produção e atriz.

Cinema e militância
Em 2025, Verônica Gomes atuou no cinema como uma das protagonistas do longa-metragem Margeado, de Diego Zon. O filme trata do rompimento de uma barragem próxima a uma comunidade pesqueira. O rio não é o mesmo. Tornou-se lama contaminada. 

Yara vive essa trama, personagem interpretada por Verônica Gomes - atuação que tem repercutido com sucesso entre a crítica especializada. Mas ela estreou no cinema em 1993, atrás das câmeras.

Foi produtora de elenco e figuração, além de segunda assistente de direção de Sérgio Rezende, no longa-metragem Lamarca. A produção foi filmada no Espírito Santo e estrelada por Paulo Betti.

Verônica estreou no audiovisual como atriz, nos anos 2000, no curta-metragem Ciclo da Paixão, de Luiz Tadeu Teixeira, e retornou aos sets de filmagem em 2004, interpretando a viúva Dona Ana, em Insurreição de Queimado, de João Carlos Coutinho.

Em 2012, atuou em Cais dos Cães, de Marcos Veronese. No ano de 2019, foi dirigida por Luiz Carlos Lacerda, em Uma Faca só Lâmina. No mesmo ano, participou de Não Deixa Cair, de Luiz Will Gama; e interpretou a enfermeira Norma, no premiado longa-metragem Os Primeiros Soldados, de Rodrigo de Oliveira.

A trajetória de Verônica Gomes também é marcada pela constante dedicação à produção cultural no Espírito Santo e à luta pelos avanços das políticas públicas no setor.

Em 1988, ela participou da fundação do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado no Espírito Santo (Sated), instituição na qual ocupou cargo de direção e chegou a presidir de 2009 a 2012 e de 2013 a 2017. Desde 1988 vem integrando o Conselho Estadual de Cultura do Espírito Santo representando os interesses da classe artística.

De 1988 a 2013 foi Servidora Pública, lotada na Secretaria Municipal de Cultura de Vitória, instituição na qual ocupou diversas funções, entre elas a de Diretora e de Subsecretária entre os anos de 1996 a 2000.

Desde 2019, vem presidindo o Centro de Apoio e Memória ao Circo do Estado do Espírito Santo.  Administra ainda, sua empresa de produção, intitulada, Teatro Du Beco Produções Artísticas Ltda.

Festival de Cinema de Vitória
De 19 a 24 de julho, acontece a 32ª edição do Festival de Cinema de Vitória (FCV), que apresentará a safra atual e inédita do audiovisual brasileiro.

Além das exibições nas mostras competitivas, o evento contará com sessões especiais, debates, formações e homenagens que transformarão a cidade de Vitória na capital do cinema. Toda programação é gratuita.

O 32° Festival de Cinema de Vitória conta com patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale, através da Lei de Incentivo à Cultura. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

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