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Completando 87 anos, Roberto Menescal conta história de maior sucesso de sua carreira

"Tudo isso é paz, tudo isso traz uma calma de verão e então o barquinho vai, a tardinha cai, o barquinho vai". A canção O Barquinho, lançada por Roberto Menescal em 1961, se tornou o maior sucesso da carreira do artista e foi inspirada em uma aventura vivida em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.

Roberto Menescal participou do Formemus, em Vitória, em agosto. (FOTO: Gustavo Andrade/OMMC)
O artista, que completa 87 anos nesta sexta-feira (25), compartilhou com a reportagem do portal g1, a história dessa composição e a relação que possui com Cabo Frio e Arraial. Roberto Menescal também comemora 70 anos de carreira em 2024.

"O Barquinho é a minha música mais conhecida. Ela tá perto de 3 mil regravações diferentes, pelo Brasil e pelo mundo", conta o artista.

Natural de Vitória, Roberto Menescal costumava ir à Região dos Lagos do Rio para pescar, e uma dessas visitas inspirou o nascimento de O Barquinho.

A música não teve um processo de escrita, como contou ao g1. A viagem na mente de Menescal começou enquanto ele brincava com o motor do barco, que não estava pegando. Só no dia seguinte, ele transformou o ocorrido em uma música ao lado de Ronaldo Bôscoli (RJ).

"Eu fiquei rodando a manivela e fiquei cantando uma coisa que eu nem me lembrava direito, mas fiquei : 'taca taca taca', morria o motor, 'taca taca taca'. A gente foi assim. A embarcação que deu carona pra gente, jogou uma corda e rebocou a gente. Eu fui fazendo 'taca taca taca o barquinho vai, a tardinha cai'", lembra.

Tudo isso aconteceu durante um passeio com os amigos em Arraial do Cabo. Eles pararam para mergulhar e na hora de ir embora, o barco não pegou.

O cantor Roberto Menescal. (FOTO: Divulgação)
Roberto costumava ir pescar em Arraial, quando a região ainda pertencia à cidade de Cabo Frio, mas sem levar os parceiros da música. Mas a mulher dele, Yara Menescal; Nara Leão e Ronaldo Bôscoli puderam, em um belo dia de 1961, conhecer pessoalmente as belezas que, até então, só admiravam pelas fotografias mostradas por Menescal. E foi nesse dia que o barco resolveu fazer a pausa que serviu de inspiração para o autor e compositor.

Ele relembra que o grupo foi até a saída do Boqueirão - uma passagem que fica entre a ilha e o continente - e que, dali em diante, via a Ilha dos Franceses à direita e a Ilha do Cabo toda à esquerda.

"Para mim, ali é a melhor paisagem do Brasil, a Ilha do Cabo por fora. Levei, mergulhamos perto do farol. Por volta de 14h ou 15h, fomos tomar o lanche, aí deixamos o barco ir. Porque Cabo Frio é aquele vento leste o tempo todo".

Mas a maior aventura ainda estava por vir. "Quando desliguei o barco, deixei ele ali. Depois, a gente ligou novamente e o barco foi indo. Foi engraçado que todo mundo começou a comer e eu disse que não ia ter piquenique. Ao voltar, era umas 16h30, fui ligar o barco e o barco não ligou. Nisso, cinco horas, cinco e meia, a bateria tinha acabado, mas ainda tinha a última coisa que era a manivela, que podia fazer o barco pegar, mas não pegou..."

"...Até que às seis horas, veio um barco da Bahia e a gente botou a nossa roupa no remo, fazendo sinal pra eles. Eles foram muito legais, deram carona pra gente. Amarraram o barco deles no nosso e foi assim. Nasceu O Barquinho, que tá viajando até hoje por aí", diz Roberto Menescal.

Roberto Menescal começou a visitar a Região dos Lagos por causa da sua paixão pelo mergulho. (FOTO: Acervo pessoal)
Só no dia seguinte que Ronaldo Bôscoli perguntou o que ele estava cantarolando enquanto mexia na manivela.

"Eu me lembrava que cantarolava alguma coisa para deixá-los menos aflitos. Eu só me lembro quando a gente fez o 'barquinho vai', aí ele falou assim: 'por que a gente não faz uma brincadeira e faz uma música dessa situação, mas sem falar da situação? Falando do dia maravilhoso que foi e da nossa volta para casa?' ", lembra.

Depois, a composição ganhou as vozes de diversos artistas, entre eles Nara Leão, que também vivenciou aquele dia tão especialmente feliz, tenso e inusitado.

Após criar O Barquinho, Roberto conta ter voltado a Arraial do Cabo umas três vezes, já que também tem o hobbie de catar bromélias, tendo encontrado várias na cidade.

"Não tinha ideia de que o barquinho ia fazer esse sucesso. Mas não tenho mais vontade de voltar, tudo que eu vivi está na minha cabeça e por isso não frequento mais", diz.


Com informações do portal g1

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