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História e bastidores do único jogo e gol de Pelé no ES em julho de 1965

O Atleta do Século, Rei do Futebol e maior jogador de futebol de todos os tempos, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, que morreu nesta quinta-feira (29), em São Paulo, aos 82 anos, marcou na sua história de 1.283 gols em 1.375 partidas na carreira, um capítulo no Espírito Santo.

O Rei do Futebol Pelé atuou por 19 temporadas no Santos. (FOTO: Acervo/Santos FC)
Foi mais precisamente na noite de 28 de julho de 1965, uma quarta-feira, quando o Rei Pelé anotava mais um gol para a sua conta em partida do Santos diante da equipe capixaba do Santo Antônio, no estádio Governador Bley, em Jucutuquara, Vitória.

O placar do jogo foi 3 a 1 para a equipe do litoral paulista, mas jornais da época destacaram a dificuldade que os capixabas impuseram ao time de Pelé.

Jogo anunciado para Vila Velha
Na primeira e única vinda ao Estado, Pelé e a equipe do Santos ficaram hospedados no Hotel Tabajara, na Praia da Costa, em Vila Velha. O Rei inclusive tirou várias fotos na pedra do Clube Libanês e na praia da residência de verão do Governo.

E o amistoso diante do Santo Antônio era inicialmente para ter ocorrido em Vila Velha, no Estádio Rubens Gomes, inaugurado em 17 de agosto de 1958, onde hoje é a Escola Professor Rubens José Vervloet Gomes (Vila Olímpica), no bairro Soteco, também em amistoso diante do Botafogo de Garrincha, que marcou dois gols na ocasião, em partida que terminou 3 a 0 para o time carioca.

O comerciante Michel Sily, do no Centro de Vitória, que havia assumido a presidência e a diretoria do Santo Antônio, resolveu marcar um jogo contra o Santos, com Pelé e demais craques da famosa equipe, em partida que acabou trazendo prejuízos ao clube capixaba.

Vários fatores contribuíram para tamanha decepção: exagerada cota exigida pelo time da Vila Belmiro, ingresso muito caro e o povo que realmente frequentava os estádios não compareceu, já que no geral eram adeptos do futebol carioca, como é até os dias de hoje.

Região de Jucutuquara na década de 50 com a Escola Técnica Federal do ES e o estádio Governador Bley. (FOTO: Acervo)
Muitos foram assistir da parte alta do bairro Jucutuquara, no chamado Morro do Rio Branco. Desinteressados em conhecer Vitória, visando apenas o lucro, ao contrário dos cariocas e mineiros, querendo regressar a São Paulo após o jogo, houve indefinição quanto a horário e local.

Como os dirigentes santistas queriam que fosse quarta-feira à tarde, foi anunciado no Estádio Rubens Gomes, que não possuía refletores. Sendo dia normal de trabalho, as empresas não aceitaram fechar as portas, e o Santo Antônio convenceu o Santos a mudar horário e local do jogo para a noite, em Jucutuquara.

Houve reclamação por parte dos torcedores, pois quem tinha condições de pagar ingresso entrou de graça, com convite, a exemplo de diversos empresários e políticos locais. Aliado as indefinições de local e horário, a partida não levou ao Governador Bley o público esperado.

A partida
O Santo Antônio, muito popular na época, enfrentou o Santos no principal palco do futebol capixaba de então, o Estádio Governador Bley, que pertencia ao Rio Branco, e onde hoje fica o campus do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) de Jucutuquara.

A derrota era esperada, mas ninguém pensava que o Santo Antônio oferecesse tanta resistência, jogando tão bem, sem se intimidar com o fortíssimo adversário. O então goleiro Adjalma Francisco Teixeira, hoje com 96 anos, sofreu o único gol de Pelé em terras capixabas.

O Estádio Governador Bley, em Jucutuquara. (FOTO: Acervo)
O Santos atuou com todos seus craques, sendo cinco então bicampeões do mundo: o goleiro Gilmar, o zagueiro Mauro, o volante Zito, e os atacantes Coutinho e Pelé.

Ciro, do Santo Antônio, deu um lençol em Gilmar e fez um golaço. Sentindo a força do adversário, o Santos parou com o futebol exibição e partiu em massa para o ataque, comandado por Pelé.

Jogo equilibrado, a defesa antonina vacilou ao deixar Pelé desmarcado na meia lua, na cobrança de uma falta. O Rei colocou a mão na testa e o resultado foi um belo gol de Pelé, de cabeça, no ângulo. 

O artilheiro Coutinho, especialista em tabelinhas com Pelé, fez outros dois gols, e o Santos venceu por 3 a 1. Os golaços de Ciro, do Santo Antônio, e de Pelé, do Santos, foram os destaques.

Ficha técnica
SANTO ANTÔNIO 1 X 3 SANTOS

Santo Antônio: Adjalma; Lacy (Orion), Fifi, Nilton e Carmino; Walter e Paulo Arantes; Telmo (Joel), Ciro, Belo (Pretti) e Sidney.
Santos: Gilmar; Modesto, Mauro (Olavo), Orlando e Lima (Haroldo); Rossi e Zito (Joel); Peixinho (Toninho), Coutinho, Pelé e Abel. Técnico: Lula
Data: 28 de julho de 1965 (quarta-feira)
Estádio: Governador Bley - Jucutuquara, Vitória
Árbitro: Carmelito Vói (ES)
Gols: Coutinho aos 5, Ciro aos 27, Coutinho aos 37 minutos do 1º tempo; e Pelé aos 28 minutos do 2º tempo

Pelé posou para fotos na Praia da Costa. (FOTO: Armando Motta Coelho/História Capixaba)
Com informações de Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES), A Tribuna, A Gazeta e portal Morro do Moreno

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